Ela sabia que teria que enfrentar. Já não havia mais para onde fugir... A correnteza era forte, o vento contra levantava ondas enormes que causavam calafrios cada vez que se aproximavam. Agora a travessia era inevitável. Quanto tempo demoraria para ela chegar em terra firme e se sentir segura novamente?
Não sabia ao certo o que teria pela frente, mas a certeza de que seria no mínimo uma tormenta a atormentava e a amedrontava o tempo todo.
Lembrava das palavras de sua vó - "Isso também passa.. tudo passa nessa vida!"
Era preciso viver o luto, enfrentar a tormenta para chegar a algum lugar. Aliás, lugar esse ainda desconhecido... O que teria lá? Ela se imaginava feliz, sorrindo, girando em uma praia, contemplando o céu e os pássaros, livre. Livre daquele sentimento que a prendia.
Meu Deus, que dor! Chega a ser uma dor física. Uma vontade constante de vomitar, o estômago apertado, a falta de paciência para comer, para trabalhar. Evitar o choro no caminho do trabalho ou durante ele, vinha sendo um de seus maiores esforços. Às vezes, quando não via ninguém por perto se deixava levar pelas lembranças boas e a saudades que doíam fundo e seus olhos se inundavam.
Saber que ela não era culpada, não amenizava sua dor. Saber que jamais teria uma solução era sufocante, desesperador. A única pergunta que lhe vinha á mente era. Porquê? Porquê? Porquê? E de repente se viu sorrindo...aquele sorriso acompanhado de um movimento triste de suas sobrancelhas...Sim ..ela se lembrou quando ele brincava dizendo que ela perguntava muitos "porquês".
Até mesmo a pergunta que mais lhe atordoava lembrava ele.
Melhor ficar com a frase de sua avó. "Isso também passa...
Tudo passa!". E assim, adormeceu.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
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